terça-feira, 8 de maio de 2012

O ORGULHO E O ARADO



“Olhar altivo, coração orgulhoso e até a lavoura dos ímpios são pecado.” Provérbios 21.4

A lavoura é o sustento da vida. Lavrar a terra é trabalho nobre. Qualquer pessoa se encanta quando observa os campos verdes. Às vezes não sabe nem do quê. Nem precisa, sabe que é a vida que está  no limite, quase aparecendo e se pudesse ficaria ali olhando até que o tempo se completasse.

Uma coisa é você olhar a vida e reconhecer o cuidado de Deus. Outra é achar que a vida virá só porque foi você quem arou a terra. Um coração orgulhoso acha que são suas as obras da vida, não a Deus que a tudo pertence. O pecado não está na lavoura, que é vida, mas no ser humano que não tem acesso ao próprio coração e só consegue ver dos olhos para fora. Creio que foi pensando nisso que a tradução da Bíblia “Almeida Século XXI”, propôs outra tradução: “Pecado são olhar arrogante e coração orgulhoso, lâmpada dos ímpios”. A mesma tradução propõe uma alternativa de rodapé: “Pecado são olhar arrogante e coração orgulhoso, a vida dos ímpios”.

Só enxergar o mundo exterior, achar que o arar é mais importante que a vida, ou entender que a vida é controlada como bem se entende, tanto faz, se numa ou em todas estas situações, o coração orgulhoso e arrogante sempre, sempre, mas sempre mesmo, só olhará para fora, nunca para dentro. Viverá da aparência.

Daí o coração, que só Deus alcança, ficará escondido. Karl Barth talvez estivesse certo ao afirmar que o imensamente Outro (que é Deus), é quem nos torna mais humanos; e nos encontramos com a humanidade profunda, na medida em que nos encontramos com o Outro em sua profundidade. Se você olha para a vida e só vê o fato de ser resultado de seu trabalho, terá pouca, ou nenhuma chance, de se encontrar com quem é, de fato, o sustentador da vida. Se não há vida do lado de fora, também não há vida do lado de dentro.

pr. Natanael Gabriel da Silva

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