quarta-feira, 16 de maio de 2012

O LIMITE DO NADA



“e disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor.” – Jó 1.21

Bonito, mas incompreensível. O insucesso é quase um atestado de insuficiência social. Ninguém, após a quebradeira, volta para casa e agradece a Deus por ter perdido tudo. É mais fácil o questionamento, o sentimento de impotência, a dor, a incompreensão e não raras vezes, a depressão, a doença que separa a vontade e o desejo, quase numa ruptura. O desejo levou você onde o corpo não suportou; um ou outro entrará em estado de fragmentação, talvez os dois.

Jó manteve a integridade porque não separou a vontade do corpo. A nudez, para Jó, era o limite do nada. Ninguém consegue perder mais que a roupa, e o corpo para ele já era o bastante, por ser a habitação da vida. O futuro já estava traçado, e ninguém se despede da vida com o que ajuntou. Perder faz parte, porque tudo o que o ser humano construir, com certeza perderá, pelo menos para si. O Senhor o deu, e eu aproveitei; o Senhor o tomou, e não me fará falta, basta-me o corpo nu, a vida e a consciência de quem sou e, principalmente, quem Deus é. Difícil de entender. Nem os amigos de Jó acharam que isso poderia ser assim.

Não é uma notícia boa para um dia que começa: tudo o que você fizer, construir, pensar, discutir, lutar, desejar ou buscar, pelo menos pra você, já está perdido, antes de ser possuído. Se você perdeu a vida pelas coisas, quando estas forem embora, a vida irá com elas. Não foi o caso de Jó.

pr. Natanael Gabriel da Silva

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