[Jerusalém] “Chora e chora de noite, e as suas lágrimas lhe
correm pelas faces; não tem quem a console entre todos os que a amavam; todos
os seus amigos procederam perfidamente contra ela, tornaram-se seus inimigos.”
Lamentações 1.2
Se você leu o texto acima, deparou-se com um dos mais
trágicos registros do Antigo Testamento; quase uma descrição jornalística da
destruição de Jerusalém. A decepção foi com a falta de socorro: quem a amava,
deixou de amá-la. Jerusalém ficou só. Iria ficar só mesmo e era apenas uma
questão de tempo. Olhou para o Senhor, observou os reinos prósperos que a
rodeavam e preferiu confirmar a estes o próprio futuro.
O amor de pessoas, ou de reinos, também falha. Não deveria
ser assim, mas é. Todos sobrevivemos num emaranhado de relações múltiplas, desejando
respirar, cada qual, os próprios sonhos e desejos. Por essa razão somos
indivíduos, indivisíveis, numa unidade complexa desconhecida até para si. Você
sequer pode confiar no próprio amor; como entregar o futuro para outrem? Pois
é, esta é a desconfiança que gera a guerra, a solidão e o abandono. Só que
sozinhos também, não sobrevivemos. Que coisa triste: precisamos dos outros para
nos tornar pessoa, como diria Carl Rogers e, ao mesmo tempo, não sabemos
conviver.
À parte disso, vale a sua integridade. Só você sabe a razão
de amar, suas motivações e afeto. A fonte dessa integridade, honestidade e
transparência, é o Senhor. Nem Jerusalém suportou um amor efêmero. Por conta
disso Jesus recomenda: primeiro amar a Deus sobre todas as coisas e depois o
próximo como a si mesmo. Nesse caso, a ordem dos fatores altera o produto. Só
se aprende a amar com o Senhor: Ele é o princípio e o fim do amor. Nele, não há
solidão.
pr. Natanael Gabriel da Silva
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