sábado, 6 de agosto de 2011

JÚNIAS, ELE OU ELA?

"Saudai a Andrônico e a Júnias, meus parentes e companheiros de prisão, os quais são notáveis entre os apóstolos, e estavam em Cristo antes de mim"(Romanos 16.7).

Dias destes estive lendo a colcha de retalhos, não de tecido, mas de palavras, que os arquitetos do preconceito tentam construir para mostrar a inferioridade da mulher em relação ao homem. Cheguei a ler longos parágrafos sobre Júnias de Romanos 16.7, se é ele ou ela. Li também Gálatas 2.28, se o assunto é só salvação ou se tem alguma coisa a mais, e ainda Atos 2.16-18, e teve gente afirmando que o Espírito sobre servos e servas deve ser questionado, já que haveria as restrições de Paulo a Timóteo quanto ao governar a própria casa, que caberia apenas ao homem. Foi por aí. Uma colcha de retalhos, um pedaço juntado com outro, preposição ali, texto deste lado, outro não totalmente contrário, mas “quase”, de outro, e a briga é feia. Teve até quem afirmasse que a mulher, por ter pecado primeiro, é mais culpada! Nem acredito que eu tenha perdido tempo com isso. O problema é o da costura, juntar o que interessa, emendar daqui, dali, e se a cor não der muito certo fica para pra próxima colcha. Minha mãe fazia isso, emendava o que não dava pra ser emendado, só que era exigência da pobreza. Faz-se com panos, porque não com o texto bíblico? Quando o texto sobre igualdade aparece, então a engenharia da língua se estrebucha pra afirmar que significa outra coisa.

Eu sou mais simples. Acho que um ser humano subordinando o outro é coisa do pecado, na origem deste, e que em tempos de Graça não poderíamos, jamais, reforçá-lo. Prefiro o encaminhamento de Jesus que perguntou do adúltero escondido dentre os que pretendiam apedrejar a mulher, logo em seguida a perdoou e a mandou de volta para casa. Vejo Jesus no Templo olhando uma viúva que nem sabia quem era ele, e daí é mencionada até hoje como alguém de profunda consagração, mais, muito mais relevante que os homens cheios de pompa e poder que entravam para adoração e se achavam o fino do fino. É, o Evangelho libertava tanto que Paulo teve que escrever às mulheres gregas e convertidas que não abandonassem o marido, apesar da incredulidade destes (I Co 7.10), se fosse o contrário, do mesmo modo (I Co. 7.13), pois o testemunho de um ao outro os levaria a construir um lar em santidade, particularmente para os filhos. Se alguém não entende isso como igualdade, então seria o quê?

A questão é que ninguém é menos ou mais pecador. Todo mundo perdido, é isso o que a Bíblia diz. Não há ninguém que busque a Deus, diz Romanos, e isso independe de quem quer que seja. Todos perdidos discutindo dentre os miseráveis quem é menos miserável e que pode e quer mandar e comandar os esfarrapados. Somos Quixotes, caricaturas de cavaleiros, lutando contra moinhos de vento; loucura puríssima, desvario. Todos carentes do favor de Deus, todos necessitados de perdão, todos infiéis e que não conseguem controlar sequer os próprios pensamentos. Ninguém condenando ninguém, porque todos, sem exceção, somos irreconciáveis, sem afeição natural e carentes do amor de Deus. Agora, somos ou não iguais? Nivelados por baixo, mas iguais. Pra isso não tem faixa etária nem gênero, só as crianças escapam e por declaração e graça. Por nós, contaminamos até a inocência. Ôxente! Será que tem um, unzinho só, melhor que o outro? Você se candidata?

A colcha de retalhos, o preconceito e o socialismo africano têm em comum a divisão igualitária da miséria. Daí, meu amigo, se é uma, se é um, e tentar saber se Júnias era ele ou ela, é tudo igual. Pelo menos a metade da população mundial está esperando o veredito sobe o artigo definido, pode? Não seria o ser humano mais que isso?
 

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