quarta-feira, 10 de agosto de 2011

ALÉM DA INTRODUÇÃO




“Ele me disse: Filho do homem, fica de pé, e falarei contigo.” – Ezequiel 2.1

É, havia razões para Ezequiel estar prostrado. Uma era histórica: o povo de Deus era escravo. Outra é literária, e o capítulo 1º.  encerra uma das mais enigmáticas narrativas sobre a grandiosidade de Deus nas Escrituras. Narrativa, cheia de símbolos, cuja memória para recompor e construir o que o profeta vira, não é tarefa fácil, senão impossível. Para mim acho que deveria ficar assim mesmo, sem interpretação alguma, porque se fosse possível apurar com exatidão faríamos da visão uma coisa, um objeto, daríamos a Deus um corpo, uma imagem, o que é terminantemente proibido.

Ao ler o primeiro capítulo de Ezequiel você fica com medo de Deus. Pela complexidade, teve gente que teorizou dizendo que se tratava de uma nave espacial, isto nos tempos idos das décadas do ufanismo das viagens para a Lua. Bem, não precisamos ir pra lua para ter uma visão de Deus, nem pra terra, prostrados e acabados. Nem uma coisa nem outra, e a visão que dá medo, é a mesma que convoca à liberdade e missão. Então pela ordem da narrativa: visão majestática de Deus, resposta imediata do ser humano e o envio para o cumprimento da tarefa.

Fica de pé e o que o profeta viu, recebeu e proclamou depois de levantado foi tanta coisa que será preciso ler os quarenta e oito capítulos do livro. Se Ezequiel tivesse ficado onde estava, a profecia dele teria um capítulo só. Meio parecida com a vida; e tem gente que vive como se fosse um livro que só tem introdução. É nesta que o autor apresenta as ideias gerais do que pretende escrever e prepara o leitor para o que virá depois. Ezequiel ficou de pé, viveu, escreveu e encantou e teve experiências profundas com o Senhor. Não ficou na introdução, muito menos caído.

Fica de pé. Depois disso a vida começa.

Pastor Natanael Gabriel da Silva

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