“E ele disse: Tenho sido muito zeloso pelo Senhor, Deus dos
Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram o teu concerto, derribaram os
teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fique só, e buscam a
minha vida para ma tirarem.” I Reis 19.10
Não era uma afirmação verdadeira: Elias não estava sozinho.
Só que era real, pois não podia negar o que sentia. Eu também acho que ele
supervalorizava o que era ou fizera. Seu lamento, a visão sobre si, a
fragilidade de toda uma nação e ainda a ameaça de morte, somados, concorriam
para que estivesse ali. Ali e só.
Pode-se pensar, e não seria errado, que Elias não estava no
lugar certo. Só que era o lugar certo dele, para ele, numa necessidade de Deus
que só ele possuía; para ter uma conversa com o Senhor que foi apenas dele,
mesmo que fosse entre terremoto, fogo e voz mansa. Um período de silêncio. Uma
caminhada de quarenta dias sozinho e que lembrava os quarenta anos de Israel
pelo deserto, na mesma trilha, voltando ao ponto de partida a encontrar-se com
o Senhor do passado, dos tempos imemoriais, da história e da vida.
A leitura sugere que Deus parou, como se não fizesse mais
nada, só para conversar com Elias. Não é verdade, mas é. Pelo menos para ele,
Elias, Deus só estava lá, porque no lugar da solidão profunda não cabe mais
ninguém. Singularidade e isolamento, e o mundo se reduz a uma conversa com o
Senhor como se você fosse único/a. Embora não seja assim, Deus lhe responde
como se fosse e faz milagres só para você. Não, não é individualismo consumista
pós-moderno. É apenas experiência e presença de Deus, para alguém, como você,
que é singular em toda a humanidade.
Pr. Natanael Gabriel da Silva
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