“Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.” – Mateus 6.33
Pela natureza proverbial, uma vez que Mateus recuperava um dos estilos literários do Antigo Testamento, cada ideia do chamado Sermão da Montanha se refere ao todo, e o todo também está incluído em cada parte. É assim que se lê o livro de Provérbios, e do mesmo modo este Sermão. Tem o imaginário de ter sido proclamado no monte, e Moisés só poderia ser reescrito se Jesus o fizesse do mesmo modo. Ao reescrever novos parâmetros, Jesus traz um novo sentido de justiça: começo, meio e fim numa linha só. O mundo interior é o começo. A vida, a caminhada. O Reino, o fim.
E a justiça do Reino parte da alegria superlativa. São dez bem-aventuranças, dependendo de como se estuda ou se divide, só para ficar mais próximo de Moisés, e não tem problema se o número não for esse, afinal os Dez Mandamentos também podem ser doze; o que vale é a aproximação. Com ou sem números, na justiça do Reino tem que haver pacificadores, gente que se sente inapto para a vida, que chora a angústia da existência, que pense na guerra perdida e superada pela humildade, gente com fome de justiça, mas da justiça do Reino e que tenha muita misericórdia no coração. Na justiça do Reino tem sal e luz, porque quem vive tão bem-aventuradamente, tanto salga como irradia luz, e não tem como não ser o que é; nela o que vale é o relacionamento e nenhuma celebração religiosa é mais importante que a convivência e o perdão. Não adulterar, não basta, é preciso ir além. É preciso ter autenticidade, pois dizer isso ou aquilo, qualquer um diz, mas só o Senhor sabe o que se passa no coração. Na justiça do Reino, o amor é a própria justiça. Justiça que dá a outra face, do caminhar além do esperado e possível, e não cabe ódio em relação a ninguém, nem ao pior inimigo. Depois, a justiça do Reino é movida à oração, a partir do cubículo onde só cabe quem ora, e dá-lhe Pai Nosso. Tem também o autocontrole, na justiça do Reino. O corpo sendo submetido à falta de alimento só pra mostrar que ele não é mais importante que a profundidade da alma. E, é claro, na justiça do Reino o tesouro não é o que se tem nas mãos, mas no coração, e depositado no céu. É uma justiça que gera descanso, além dos pássaros e lírios. Nada de julgar ninguém por nada, cada um deve cuidar de seu cisco, ou do poste enfiado no olho, e aqui é o típico discurso de uma coisa que não deveria caber noutra, como a rosa no espinho de Gióia Júnior. Pelo caminho, o Reino e sua justiça estarão de um lado como porta estreita e do outro, bem, deixa o outro lado do outro lado, por mais fácil que seja, não é mesmo? No final, como o Sermão começou num monte, tem que terminar com a rocha onde se deve construir a vida. Começara na terra com a incompreensível felicidade, visitara o Pai Nosso nos céus, chegara às alturas com os pássaros, encantara-se com a beleza dos lírios, pra no final voltar ao chão, pra casa que se constrói sobre a rocha, pra dizer pra você, e para mim, que a Justiça do Reino é possível, e deveria ser perseguida e desejada, sem tempo de descanso; que uma casa numa rocha é uma coisa, na areia é outra, e você escolhe onde quer construir.
Essa é a Justiça do Reino, começo, meio e fim. Do coração à vida, da vida ao Reino.
pr. Natanael Gabriel da Silva
Bom demais e difícil demais,né?
ResponderExcluirQuero escolher praticar essa justiça do reino todos os dias!
Muito obrigada pelo texto, Pastor!
abraços
Ju
Quase não apareço por aqui, mas hoje resolvi dar uma olhada e gostei muito do artigo. Que a paz seja cada vez mais semeada em nossos corações e irradie para os que estão ao nosso redor. "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize" (João 14:27).
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