“Todos ficaram tão admirados que perguntavam uns aos outros: ‘O que é isto? Um novo ensino – com autoridade! Até aos espíritos imundos ele dá ordens, e eles lhe obedecem!’ Marcos 1.27
Eles tinham visto um espírito imundo se submeter, Jesus tinha visto um ser humano ser libertado do mal. Não é triste isso? Ali havia uma pessoa, um “outro”, que só Jesus viu.
Mas, quem é o outro? No texto é apenas o depositório do mal, para mostrar a presença deste e o poder libertador de Jesus. Era um ninguém, sem nome, que não deveria estar possesso naquele local, pois ali era lugar de ensino, estudo, aprofundamento das regras e normas que dispunham a religião. Ele não tinha nada que estar ali. Só que estava, e era uma pessoa. Só Jesus viu a pessoa por detrás daquele sofrimento, alienada da família, ignorada por aquele grupo religioso que tinha fé e queria aprender. Grupo que, como diria o poeta, tratava o doente como gente, isto é, aos pontapés.
Aquele era o outro, escondido por detrás de tantas coisas, quase impossível de ser visto. E o outro pode estar em qualquer lugar. Pode estar escondido atrás dos bens que possui e que se tornaram sua identidade, ele não é ele, e sim as coisas; pode estar oculto na religiosidade aparente, nas emoções distorcidas, nos maus tratos, no medo, do rancor, ou disfarçado em outra vida, que não é vida. Pode até estar desfigurado pelo mal, que o domina, mas ele mesmo não sabe.
O outro é alguém que precisa ser libertado. É pessoa escondida por detrás de algo que só o amor em pessoa é capaz de ver. O milagre de Jesus foi amar e libertar uma pessoa.
Pr. Natanael Gabriel da Silva
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