domingo, 16 de outubro de 2011

O PAI, A CASA E AS CRIANÇAS

“Pai nosso, que está nos céus!” – Mateus 6.9b
 
A oração de Jesus, que se tornou conhecida como o Pai Nosso, pode ser compreendida como um convite para o Pai vir morar em nossa casa. Uma espécie de parábola contada em forma de oração, porque só a oração daria conta do assunto. O Reino é a casa do céu, outra é a construída pelo ser humano após deixar o jardim. Lá em cima ficou a casa, separada e distante. Deus longe, grande e observador quanto ao punir e corrigir. Nisso causava temor, e não há nenhum pedido no Antigo Testamento para o Senhor vir morar aqui. De certo modo parece que seria melhor continuar onde estava e ser agradado por meio de sacrifícios e cultos. Na melhor das hipóteses entrava na vida só pela memória, narrativas e mais narrativas sobre os antigos. Daí Jesus suplica, venha o teu Reino: a casa do céu na nossa casa; precisamos do Pai. 

E o Pai quando vem pra nossa casa, traz o quê? Traz o domínio da vontade (v.10). É como se Jesus estivesse confessando o estado de abandono de uma casa governada por crianças que não sabem se cuidar. Não, não havia sido o Pai que tinha ido embora. Os filhos é que construíram uma casa longe do Pai e depois bateu a saudade de quando Ele passeava pelo paraíso. Paraíso formado agora por crianças nuas e escondidas detrás das árvores. Crianças que não sabem o que fazer com a nudez e não têm ideia da tragédia do abandono. O Pai precisava vir morar com as crianças. Esqueceram, de propósito, o Pai do lado de fora. Só que o Pai traz a organização da vida, e também o pão que estava faltando (v. 11); sacia a fome de algo que as crianças não sabiam, e não sabem, o que era ou é. Crianças são assim mesmo: passam fome sem saber direito o que precisam comer. Só que o pão do Pai, é o pão do Pai. O pão do Pai é diferente, só Ele o tem. Nenhum pão é igual ao do Pai, colocado todas as manhãs à mesa, como o maná.  

E o Pai só volta perdoando (v. 12), porque não tem jeito dEle voltar se não perdoar a desavença. Esta é a dívida do ser humano em relação a Deus: ter construído uma casa, achando que poderia excluí-LO. Pensou que seria um palácio, mas ficou uma casa torta, remendada, tipo construção perene, sem planta, e a reforma começou antes do término: fazer do quarto, cozinha, do banheiro, sala, e o corredor acaba sem luminosidade, escuro, baixo e apertado, e daí aparece a necessidade de se fazer um puxadinho amarrado com arame. É, o Pai precisa mesmo voltar pra casa; o que construímos nem casa é mais. Assim Jesus o convida, e Pai em casa é conselho na certa (v. 13)! Dá os conselhos do tomar cuidado por onde se anda e assim Ele vai livrando as crianças do mal. Crianças não sabem fazer isso. Acabam se emporcalhando, não sabem o que é importante. Não veem a ameaça, se colocam no abismo e se desprotegem. Agora, quando o Pai está em casa, aí é diferente. Ele vai recomendado e livrando do mal só por mostrar o caminho, é por aqui, isso você faz desse modo e daí dá segurança porque basta viver. A gente, como criança, só tem o trabalho de ir vivendo e o Pai vai cuidando. Quando Ele mora com a gente tem pão todos os dias. O pão dEle tem sabor de Pai, que ninguém explica ou entende. Ele entra na casa e perdoa, com um coração que parece só saber fazer isso, o que não é verdade, porque o Pai é sabido e ninguém sabe mais do Ele. Sabe e cuida demais da conta. Então a casa fica limpa, cheirosa e arrumadinha.

Uma oração, parábola e convite, em nosso nome: - Pai, venha morar com a gente.
pr. Natanael Gabriel da Silva

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