terça-feira, 27 de setembro de 2011

MISSIONÁRIO DO MISSIONÁRIO



“Contudo, penso que será necessário enviar-lhes de volta Epafrodito, meu irmão, cooperador e companheiro de lutas, mensageiro que vocês enviaram para atender às minhas necessidades.” – Filipenses 2.25

Igreja que sustenta missionário faz isto: acompanha, apóia e vai ver o que está acontecendo. Foi assim que Epafrodito se tornou missionário do missionário, levou ofertas, ficou junto quando Paulo estava preso, adoeceu e quase morreu. Seria uma morte muito triste e Paulo, não disse, mas disse, que sentiria mais a morte dele do que a angústia da própria, a qual estaria próxima, não por doença, mas pela perseguição injusta. Ora, escrever que uma perseguição religiosa é injusta, é redundante, não é mesmo? Paulo também era redundante, repetia o repetido à igreja, tornando o dito superlativo e estava feliz, comovido, porque o missionário do missionário tinha cumprido a Missão e estava prestes a voltar pra casa. Seguramente Timóteo iria, mas Epafrodito talvez necessitasse de mais cuidados ou mesmo Paulo, quem sabe, ainda estivesse precisando de um amigo. Epafrodito estava com saudades de seu povo e preocupado com a preocupação da igreja. É isso mesmo, ele não queria que a Igreja sofresse só por ele ter estado, ou estar, doente. Paulo se preocupava mais com Epafrodito e com a Igreja, que consigo; Epafrodito se preocupava mais com Paulo e com a Igreja, do que consigo; e a Igreja se preocupava mais com Paulo e Epafrodito do que com ela mesma. Só o Evangelho faz isso. Inacreditável. Até parece coisa de outro mundo! E é mesmo, do mundo de Deus, universo da espiritualidade, devoção e humildade, coisa que a tragédia humana não entende.

Agora, sobre Epafrodito, o texto só fala isso. Não diz de sua conversão. Nada que pudesse dar referência sobre o seu caráter, mas pela Igreja que fazia parte, dá pra se ter uma ideia. Ideia, nada mais. Nada sabemos o que fez depois, se foi mesmo embora ou não, se foi apenas quando da libertação de Paulo, ou se antes, se foi e voltou outras vezes, também não sabemos porque não há uma segunda carta de Paulo aos Filipenses. Temos só esta. Paulo aprisionado e uma igreja preocupada, daí alguém se dispôs a ir e levar ofertas e presença, oração e conforto, cara a cara, o que deve ter sido muito bom para o apóstolo, porque o missionário do missionário cuida do missionário, esteja no campo ou na prisão, também não é supervisor que vai averiguar os acontecimentos, mas amigo de apoio e sofrimento, vendo, convivendo e sofrendo com o outro e, mesmo doente, ficou por lá. Epafrodito ficou porque era o que sabia fazer. Não existe uma igreja fundada por Epafrodito. Não há registro de uma viagem, nem de sermão ou pregação. Nenhum texto ou relato que tenha produzido, e teria ficado anônimo na história se Paulo, grato, não tivesse mencionado nome dele, porque para o missionário do missionário, o importante é o missionário.

Depois o missionário do missionário precisava voltar e Paulo já foi logo recomendando que a igreja deveria recebê-lo com alegria, porque a alegria de vocês também alegrará o meu coração, dizia; com alegria e também com gratidão, ao que Paulo toma como honra. Gente boa o desconhecido Epafrodito. Ovelha de Paulo, da igreja organizada por ele e que um dia deu o ombro para o descanso do missionário. Foi o caso típico de ovelha que pastoreia o pastor. A importância de Epafrodito foi ter sido só Epafrodito,  levou ofertas e, principalmente, levou-se a si mesmo, corpo e coração, para ser um (quase) desconhecido.

Natanael Gabriel da Silva

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