quinta-feira, 19 de abril de 2012

ESTÁGIO

“... e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só...” I Reis 19.10d,e

É só um pedacinho da história de Elias. Um pedacinho pra quem entendia a vida como um pedacinho. Tão pedacinho que se achava único, a última pecinha do quebra-cabeça. Não, não se tratava de arrogância, pois o arrogante enfrenta, luta, desafia e nunca se dá por vencido. Elias estava fugindo, portanto já estava no sofrimento. Só que Elias não era o único, nem o último. É, errou feio, porque não sabia que havia mais gente tão justa quanto ele. O texto menciona sete mil, número redondo, perfeito, como se fosse apenas uma referência. Poderia ser mais, ou um pouco menos, mas era muita gente que Elias não enxergava porque só sabia de si, pensava em si e se lamentava de ter que sofrer tanto. Queria ser preservado, porque não havia outro semelhante a ele. Achava que sofria sozinho e, por ser único, Deus precisava fazer alguma coisa. E fez, preservou tanto que o levou para si.

Não considero Elias uma pessoa inconsequente e/ou desinformada. Acho que se equivocou ao medir a própria espiritualidade, mas quem nunca se enganou disso? Poderia ter sofrido menos de soubesse antes dos sete mil justos, semelhantes a ele, mas se fosse assim não teria havido o seu deserto, nem teria sido socorrido no meio do nada e muito menos entraria numa caverna, para então, conversar com Deus e ter uma experiência espiritual que só encontra similaridade em Moisés e sua sarça ardente.

Daí não dá pra separar uma coisa da outra. Qualquer um de nós, creio, gostaria de conversar com Deus como Elias conversou, visto o Senhor como ele viu, e ter sido cuidado dele como ninguém havia sido antes. Só não queremos a solidão dele, muito menos o desejo de morte que expressou de forma tão clara. Acontece que uma coisa e outra andam juntas, e nem sempre entendemos isso. Para o povo chegar à terra prometida, primeiro teve um longo cativeiro e depois um deserto. Antes de falar ao carcereiro de Filipos, “creia no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa”, Paulo passou pela prisão. Pra haver ressurreição, só passando pela morte.

Elias não estava só. Estava apenas tendo uma aula de submissão, dependência e humildade. Foi a sua aula mais importante.

pr. Natanael Gabriel da Silva

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