É assim que começa a longa narrativa de Ezequiel e o sonho da liberdade. Detalhe por detalhe e a cidade vai tomando forma, particularmente o Templo, porque era impossível pensar em liberdade se o assentamento de Deus não se desse primeiro. Não seria uma libertação simbólica de Deus, porque este, de certo modo, “havia ficado lá”, na terra destruída, e o mais importante na cidade seria a reconstrução da casa para Ele. O Templo de Ezequiel nunca foi construído. Para alguns, uma espécie de profecia que nunca se cumpriu.
Deixemos a profecia, e vamos pensar nela como um sonho. Sonho profundo que move o desejo de sobrevivência e luta, como se o futuro puxasse a busca. Algo semelhante ao querer crescer, deixar de ser criança e ter vida própria, que seria o contrário de Óscar, personagem de O Tambor de Gunter Grass que decidiu, diante das atrocidades, ficar sempre com o mesmo tamanho e seus três anos.
Quem não sonha, não cresce. Quem não sonha não é puxado para o futuro e nem tem fascínio com o que não vê; se de fato será, isso já é outra coisa. O sonho de Ezequiel era a liberdade e a confiança de que Deus estaria nela. Ele não sonhava para si, sonhava para Deus e queria vê-Lo novamente na morada da terra santa. Ezequiel sonhava em estar mais perto de Deus.
pr. Natanael Gabriel da Silva
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