quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

PARÁFRASE DO PODER: Liderança Religiosa, manipulação e domínio



Mateus 23

Eu vou falar uma coisa pra vocês, é sobre a avidez pelo poder; faz com que a pessoa se dê como sentada na fonte do que poderia ser chamada de Revelação, porque é de lá que emanam as determinações inquestionáveis, cuja resposta é apenas a obediência. Gente sentada na cadeira de Moisés é o superlativo da arrogância e do domínio, na facilidade suprema da manipulação por meio do religioso. Se vocês olharem bem, vai ser difícil discordar deles, primeiro porque falam em nome da Tradição, depois porque tudo se encaixa como se verdade fosse. O único problema é que, como todo poder, só são vigilantes dos outros, sabem de tudo, ficam preocupados com o que os outros fazem, se constituem como porta-vozes da são doutrina, e como estão assentados no limite da fé, assim o fazem sem rodeios e ainda dão a ideia de que isso tudo é justo e perfeito. Pois é, mas quando vocês olharem para a vida deles, verão que eles não têm qualquer conteúdo, pior, são podres. Gostam de aparecer de maneira estratégica, vocês os verão nas reuniões, não em todas porque em tempo de eleição e consolidação política do poder, quando então a manipulação se dá como legitimada, aí aparecem, com aquele sorrisinho malufista, poucas palavras, porque só os que não têm juízo falam muito e se expõem, concordam com todos, porque o interesse deles não é para com a verdade, mas para com o que lhes interessa, e mesmo quando dizem e afirmam, solenemente, que estão ali por causa do que acreditam ser justo, não fique na deles, é só discurso. Eles irão fazer como o general de Gabriel García Márquez, em nunca dar uma ordem que não possa ser obedecida, e nunca discutir assunto que não faça diferença. Eles irão aparecer, ou se esconder, quando assim o quiserem. Quando sumirem do mapa, pode ter certeza, há algo que está sendo maquinado, costurado, e quando vier à tona ninguém irá vê-los por detrás dos descaminhos, são ocultos, falam uma coisa aqui, do tipo, olha cuidado com tal pessoa, e saem fora, nunca dizem a razão, são especialistas em lançar dúvidas vazias só para surtir o espanto e o assombro, depois fica nisso e nunca ninguém irá saber onde começou, e a vítima, ninguém irá se preocupar com ela, porque as pessoas gostam de agradar o poder, acham que politicagem é esperteza, são capazes de isolar, ou numa linguagem de uma certa denominação, excluir alguém por causa de adultério, mas a politicagem é incentivada, admirada, em alguns momentos até reverenciada, e você irá encontrar conversas daqui e dali dizendo que tal pessoa é impossível, muitos risos, porque ninguém vai ter coragem para fazer alguma coisa, pois de certo modo, os instrumentos do poliqueiro dão medo. Deste modo aparecem no espaço público sendo chamados de Mestres e vão dizer que nada disso apenas servos, mas é outra coisa na qual vocês não devem acreditar, porque gostam dos primeiros lugares, fazem parte de toda e qualquer função, comissões, e eu diria até de conselhos e juntas, mas acho que vocês não sabem o que isto significa, mas deixa prá lá, são especialistas em educação secular, educação teológica, missões, ação social, e pasmem, vão se dar ao luxo de entender de rádio e televisão, são conhecedores também de contabilidade, gerenciamento estratégico, e vão mudando se setores como se fossem moscas desde que estejam lá, apelam pra democracia quando estão no plenário, mas lutarão contra o colegiado quando estiverem no poder legitimado dizendo assim ninguém consegue trabalhar, alguns terão o perfil de notáveis como Getúlio Vargas e Eva Perón, que formariam um belo casal se a vida os tivesse premiado com a aproximação. É por conta disso que eles ficam na cadeira de Moisés e na porta de entrada do céu, e ficam ali descaminhando um e outro, indicando a direção errada, e criam um prejuízo para a vida cristã que não dá pra medir, e daí todo mundo fica cético com relação às virtudes cristãs, e são uma chaga, doença, e quando você vai chegando perto, eles ficam ali do lado de fora bem na entradinha da porta do céu fazendo vistoria, enfiando a mão dentro dos bolsos pra tirar o que você tem, passando a mão na cabeça pra fazer você perder o que pensa, e ficam ali fardados, bem na porta, do lado de fora, que é o lugar deles, mas como não podem entrar do modo como são, também impedem os outros, criam barreiras, são especialistas em doutrinas, sabe aquela corrida de cem metros com barreiras ? – pois é, na corrida, pelo menos o atleta sabe quando as barreiras terminam, só que eles vão colocando uma, mais uma, outra, colocam óleo pro infeliz, ou pra infeliz escorregar, olha isso não pode, mas como não pode?, não pode porque não pode, Moisés não quer, não está claro no texto e quando não está claro, a gente esclarece o texto e melhora o que está escrito, de tal modo que agora o que não está escrito fica sendo mais importante do que aquilo que está escrito, entendeu? – não, não entendi, bem entendendo ou não, não pode, porque a gente decide por decreto e votação, pode ou não pode pessoal?, e os cooptados, aqueles que ficam à deriva admirando o poder e querendo fazer parte dele, dizem, não pode mesmo, em coro, porque a manipulação exige uma única voz, como se fossem um só, viu?, todo mundo concorda com o não pode, então agora não pode por decreto, e ponto final. É daí que surgem os prosélitos, os fascinados pelas regras políticas do impedimento, aderem ao sistema e ficam colados nele esperando a vez, se tornam até mesmo piores, eu diria duas vezes se dão como filhos do inferno. Só são capazes de ver o poder e o dinheiro, e vão achar que o ouro ou a riqueza do templo é mais importante que o santuário, e o que vai ter de gente em nome do ouro movendo ações de recuperação patrimonial contra os doutrinariamente incorretos, se eu contasse a vocês, não acreditariam, mas é isso mesmo, estão mais preocupados com paredes do que com pessoas, irão declarar compromissos com o sistema, chegam até a jurar pelo que se oferece no ato de sacrifício e adoração, mas com Aquele que é maior que o altar, nada, porque a vida de fé deles começa e termina ali mesmo. Enfim é isso aí, ou quase isso.

Sabe como é que vocês identificam estes sepulcros caiados, politiqueiros, criadores de regras éticas para os outros, que não conseguem ver alguém se dar bem no que faz no real pastoreio de gente? Que quando querem alijar alguém dizem ali vai um liberal, sem saber direito nem o que isso significa, sabe como identificá-los? Vou ser simples: não amam a justiça, como autenticidade, fraternidade, igualdade e solidariedade; não entendem de misericórdia, se voltam até mesmo contra aqueles que lhes estenderam as mãos, porque são ingratos, inconsequentes, e na maioria das vezes, sequer têm bom senso; e por fim não entendem nada de fé e fidelidade, porque a vida deles começa e termina neles. Só existem eles no mundo e acham que irão continuar no poder, mesmo depois de mortos. Sequer têm consciência do limite da vida.

Então, mire e veja: não caia na conversa deles, o que vale mesmo na vida são as virtudes de um coração puro, e daí teríamos que voltar às bem-aventuranças. O resto é pura hipocrisia. Desta, o mundo já está cheio.

Natanael Gabriel da Silva

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