terça-feira, 26 de julho de 2011

CAMINHANTES



“Levantem-se, vão embora! Pois este não é o lugar de descanso, porque ele está contaminado, e arruinado, sem que haja remédio. Se um mentiroso e enganador vier e disser: Eu pregarei para vocês fartura de vinho e de bebida fermentada, ele será o profeta deste povo!” – Miquéias 2.10


Caminhar faz bem. Foi assim que nasceu o povo de Deus, caminhando. Deus chamou Abraão e este caminhou para um lugar que não sabia onde era. Fixou termo com os primeiros descendentes, mas logo teve que caminhar de novo para o Egito no tempo de Jacó. Depois caminhou de volta e desta vez foi mais demorado. Quem saiu do Egito, não chegou à Terra Prometida, salvo apenas dois. Até Moisés morreu antes de cruzar o Jordão. Depois das conquistas, idas e vindas, coisas boas e outras trágicas, lá foi  o povo reiniciar a marcha para o desterro, de novo. Ficaria muito tempo, para depois o retorno para o recomeço, pedras de um lado, pedras de outro, e os que primeiro chegaram encontraram Jerusalém num verdadeiro caos, miséria e fome. Daí veio Miquéias e disse, tá na hora de partir de novo. Partir de novo não por conta da terra, porque quem constrói a vida é o caminhante. Caminhante que destrói a vida e que não pode se fixar num lugar, porque lá vem a morte. Culpa do caminhante, é claro. Caminhante não pode viver no Paraíso, mesmo que tenha saudade dele, tem que caminhar pois enquanto caminha pensa no depois, sonha com o que está à frente, não se julga dono de nada e vai depender de proteção para andar de peito aberto, sem lenço e sem documento.

Jesus também foi um caminhante. Ensinava e caminhava, mostrando que a vida é um trânsito sem fronteira, e foi fixar residência na cruz, final e começo da jornada. Não ter onde reclinar a cabeça, porque o onde é lugar que não terá importância quando o próprio caminhante não sabe quem é.

Quando o caminhante, que não se conhece, fica num lugar ao invés de plantar comida, segundo Miquéias, planta a bebedeira e quem faz isso assume a condição de líder e profeta, porque quem não sabe quem é, gosta do pecado, o abraça, vive por ele e se empanturra. Assim não pode parar, pois se parar peca, faz o que não deve porque não sabe quem é.

De certo modo, nos tornamos o que somos, porque esquecemos o caminhar. Não pensamos no futuro, na eternidade, no dia de amanhã que se transformou apenas em preocupação do dinheiro, do carro novo, roupa nova, e como diria Belchior ironicamente: “Será que alguém se atreve a ir além do Shopping Center? Hein?”.

Você irá caminhar mais um dia. A pergunta é: Para Onde? De que modo?


Pastor Natanael Gabriel da Silva

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