sábado, 9 de fevereiro de 2013

O TERCEIRO MANDAMENTO



“Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis.” – João 13.34

Tanto Mateus, quanto Lucas, registram os dois grandes mandamentos: Amar ao Senhor de todo coração, alma, forças e entendimento e amar o próximo como a si mesmo. (Lucas 10.27 e Mateus 22.37- 40). João acrescenta uma extensão ao sentido do amor e o torna uma relação recíproca, de interdependência e que faz deslocar a provisão do amor do sujeito que ama, para a dinâmica da interpessoalidade. Nesse caso o amor estaria “entre” e não exclusivamente “no”, é a passagem da pessoa para a comunhão.

Vamos por partes, se é que o amor possa ser fatiado como um processo no Supremo. Notoriamente os tempos do Quarto Evangelho eram outros, e a ausência de Jesus, agora já na talvez terceira geração de discípulos, não seria resolvida brevemente. A expectativa de um retorno imediato com o tempo foi se transformando numa esperança, e o suportar as adversidades só seria possível sob a convivência em amor, daí o Terceiro Mandamento.

Trata-se da própria identidade da comunidade que se formava e que deveria ser conhecida pelo amor e não  pela capacidade disciplinadora, ou de adoração, ou de exposição do sobrenatural por meio de milagres, nem pelo número de participantes ou recursos que possa dispor; fossem tais marcas separadas ou somadas, pois tudo isso junto, não tem como resultado o amor. Nesse caso, a ordem dos fatores altera o produto, porque o amor tem que vir primeiro, fundamento único, isolado e exclusivo. Conhecem-se os discípulos pelo amor que nutrem e desenvolvem entre si, a ponto de não se saber quem ama, porque sua relação não é de pessoalidade, mas coletiva. Todos se amando, uns aos outros, para que o amor seja mais significativo do que qualquer pessoa e a mais evidente virtude. Trata-se da real entrega de vida, porque tem como referência e fonte a graça de Jesus, voluntária, dadivosa, desinteressada e sem limite, para além da fronteira da vida; se preciso, cruza a linha (João 15.13). Tem como disciplina a igualdade, e o relacionamento se dá na amizade, não na subordinação, pois a expressão do amor não é tornar o outro um servil, mas fazê-lo/a um/a amigo/a. É a transparência, honestidade, ingenuidade, simplicidade ou compartilhamento, porque o próprio Jesus fizera dos discípulos amigos e a eles dissera tudo o que ouvira do Pai.

O Terceiro Mandamento supera a obrigatoriedade em relação ao próximo, e a possível subjetividade a Deus. Trata-se da dissolução de quem ama na construção de um coletivo, cuja pessoalidade manifesta se dá como a mais significativa virtude já ensinada e desejada: o amor. É como se o sujeito fosse o todo e o amor a pessoalidade da comunidade.

pr. Natanael Gabriel da Silva

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